27 de ago. de 2009

Pó de anjo fez minha cabeça.

Já passou da hora de falar sobre eles. Uma das minhas bandas favoritas voltou a tocar depois de mais de um década. Se e a motivção pro retorno foi grana ou não, who cares a lot.....  


Tá certo que a primeira vez que ouví Faith no More na MTV, numa madrugada de 1990, eu odiei. Eu só escutava metal, queria ouvir o novo do Napalm Death, não suportava nada que tivesse o menor suíngue. Achei um bosta. Coisa de moleque de 14 anos. Depois de uns poucos meses comecei a achar a mistura groove / distorção interessante. O vocal, ás vezes meio hip hop , ás vezes melódico, era bem legal. Quando consegui escutar o CD inteiro (nesse caso o The Real Thing) percebí que eles eram tão rock (talvez até mais) do que os "metal" que eu tava fissurado.

Mas quando comprei o Angel Dust, o álbum seguinte, é que virei fã. 

Depois de estourarem no mundo todo e virarem líderes (totalmente sem querer) de um movimento musical, o Funk Metal, foram pro estúdio e gravaram um dos melhores álbuns do século XX.  A definição é minha........e o blog também.


  
Totalmente perturbador, começando pelo nome (Angel Dust, apesar do nome fofo é uma droga poderosa) e pela capa (de um lado um lindo cisne, do outro um açougue com frangos depenados e uma enorme cabeça de boi pendurada. Contradição pura), deve ter vendido um décimo do anterior, mas é muito mais importante, impactante e fuderoso.  




As músicas mudam de "humor" sem parar. A faixa Malpractice por exemplo, começa um industrial apocalípitco, depois vem um groove nervoso misturado com orgão de igreja, no meio tem um tecladinho inocente, antes de voltar pro industrial de novo. Tudo ao mesmo tempo. Todas as músicas são foda. Eles parecem querer colocar todos os estilos num só disco. Na turnê de 1991 Patton se apaixonou por Iris Lettieri, a sensual voz que anuncia os vôos nos aeroportos brasileiros, sampleou e colocou na faixa Crack Hittler, o que depois rendeu um processo pra banda. 

Já a faixa RV é toda em cima de um pianinho bêbado, cantada num jeito totalmente largado meio Tom Waits.... I hate you / talking to myself/ everybody staring at me / i'm only bleeding.

A gravadora definiu como suicídio comercial, mas Angel Dust se transformou num dos mais influentes álbuns do rock de todos os tempos. Eles ficam putos com isso, mas o FNM ajudou a definir o som que dominaria as paradas uma década depois, o famigerado Nu-metal. Mais do que isso, libertou a cabeça de milhões de moleques idiotas como eu. 

E agora tão de volta. Bela oportunidade pra quem nunca viu o sempre ótimo show deles. Sente só  
Caffeine ao vivo no Dowload em junho desse ano. 



Até agora tá confirmado no Rio 5 de novembro no Metropolitan (ainda chamo assim pra não errar). Menor dúvida que é o show mais esperado do ano. E se não acontecer nenhuma catástrofe, será o melhor também.



17 de ago. de 2009

Viaje até Burma sem escalas.

Oficialmente Burma deixou de existir em 1989, quando uma junta militar mudou o nome desse país localizado no sudoeste asiático para Myanmar. Mas o Mission of Burma continua mais vivo do que nunca. O nome parece sub-título de filme do Steven Seagal, mas o som é bom pra cacete. 

Formado em Boston em 79, pegaram a agressividade e o discurso do punk misturaram uns climas meio sombrios do velvet underground, bateria poderosa mas sem firulas, caprichavam nas letras e tudo isso no volume máximo. Tocavam tão alto que o guitarrista Roger Miller desenvolveu um grave caso de Tinitus e durante a ultima turnê tocava com fones de ouvido enormes pra tentar não ficar surdo. 

O EP Signals, Calls and Marches, de 81, trazia 6 músicas e, sem sacanagem, influenciou milhões de outras bandas que queriam "evoluir " pra além das 3 notas, mas sem perder a agressividade. Ainda lançaram o album Vs.  e o ao vivo The Horrible Truth About Burma antes de terminar em 83.  Em 4 anos de carreira fizeram mais pelo rock americano que muita banda que vendeu milhões de discos jamais conseguiu. 

Saca só o clássico That's when i reach for my revolver. 



 Essa música é tão boa que já foi "coverizada" pelo Moby...





..... Catherine Wheel, 



....pelo cérebro do Blur, Grahan Coxon,



... pelo Soul Asylum,



 ...e aposto que por muito mais gente. 


Mas parece que o fone de ouvido ajudou o Roger Miller a continuar escutando. Em 2002 eles se reuniram, fizeram alguns shows e gravaram mais 2 albuns, (ONoffON de 2004  e The Obliterati de 2006) ambos pela Matador Records, que em 2008 relançou todos os albuns anteriores com faixas extras e som remasterizado. Até vieram ao Brasil em 2005, quando tocaram no Campari Rock em São Paulo. 


Em outubro próximo lançam mais um, The Sound The Speed The Light, ainda pela Matador que será dividido em 4 suites de 3 músicas cada. É esperar pra ver. O país pode não existir, mas a banda tá vivinha da silva.